segunda-feira, setembro 12, 2005

ONDE COMEM 100 COMEM 1000

Está já decidida a afectação de viaturas com motorista aos funcionários dos Ministérios, Secretarias de Estado, Câmaras Municipais e ainda das Forças Armadas (incluindo aqui os graduados de patentes mais baixas). Um porta-voz do Governo explicita que por uma questão de igualdade e já que a maior parte dos funcionários e graduados das FA se deslocam em carros do Estado pagos pelos contribuintes foi decidido adquirir viaturas para os restantes funcionários que não se encontram ainda em idênticas condições. Atendendo a que muitos poucos funcionários não gozam deste privilégio as despesas com esta aquisição e contratos com motoristas não são significativas.

quinta-feira, setembro 08, 2005

À procura da democracia

A nossa democracia faliu. Não há democracia. O que existe é um número substancial de pessoas a abusar das facilidades do sistema. A classe política é a mais favorecida, e são mais do que muitos. Vivem à conta de um país economicamente arrasado mas não prescindem das suas regalias e estas também são mais do que muitas. Não me falem em serviço público e dedicação à causa porque são pouquíssimos os que se norteiam por estes valores. Porque muitos correm atrás dos seus interesses, do poder, da vaidade, do mérito dos lugares, das mordomias. Para além destes existem cidadãos que tentam sem grande esforço enganar o sistema e lá se vão safando. E existem os que tentam sobreviver, que vivem miseravelmente e que são esquecidos pelo poder político durante o tempo que medeia as eleições. Na altura das eleições são os alvos dos candidatos para ganharem votos. E o que se faz para ganhar votos? Ditam-se promessas desprovidas de seriedade, dão-se beijinhos, espalham-se sorrisos a torto e a direito, dão-se palmadinhas nas costas, dançam juntos o vira, deleitam-se com copos de três nas feiras ou numa tasca de esquina só para não fazer a desfeita ao povo e para parecer que 'somos todos iguais' e todos parecem amigos. É uma alegria para não dizer fantochada. Depois das eleições um ataque de amnésia invade os políticos. A alegria do convívio com o povo desvanece-se e os políticos colocam-se a si próprios num patamar acima do simples mortal. A democracia existe apenas no momento em que votamos. Aí sim podemos escolher e o povo exerce o poder. Mas mesmo assim o poder é limitado porque seja quem for o eleito sabemos de antemão que nada muda. Quer dizer muda um bocadinho mas só ao nível de posições, porque as pessoas são as mesmas, as políticas são as mesmas, apenas os cargos que ocupam são diferentes. As mesmas caras vão rodando nos lugares. Tudo se mantém. Apenas a democracia não fica. Foi-se. Acabou. Foi assassinada de morte lenta.

Mais do mesmo

O homem voltou. O homem que criou para si todas as condições para fazer da política o seu modo de vida. Ele que ocupou diversos cargos políticos durante largos anos e afinal tão pouco fez pelo país, basta que olhemos para o estado desta nação. No seu discurso de candidatura referiu que é candidato porque o povo anda deprimido. Imagino que se conseguir ser eleito ao invés de enfadonhos discursos políticos passará a contar anedotas para animar a população. Bem se voltar a viajar como viajou já é razão para nos pôr a rir... de tanto apetecer chorar. No seu discurso referiu que tinha duas fundações (uma com o seu nome). Esqueceu-se de dizer que era subsidiada pela Câmara Municipal de Lisboa quando João Soares era Presidente com o dinheiro dos contribuintes. Nós pagamos impostos e o dinheiro vai para uma fundação que provavelmente é uma prioridade nacional e nós não sabemos. Destacou no seu discurso a sua vida política (não havia nada mais para destacar - é um homem que fez carreira na política e mais nada! Parece-me até que fez mais carreira do que política). Disse ter sido Deputado ao Parlamento Europeu mas esqueceu-se de dizer que era o Deputado mais faltoso na altura. E de certeza que foi por falta de tempo que não mencionou o episódio que envergonhou Portugal, que ficou ou devia ficar retido na memória de todos os portugueses por ter sido a ideia mais emblemática defendida pelo grande senhor da política portuguesa: as mulheres deviam estar em casa a coser meias. No dia das eleições é o que farei: ficarei em casa não a coser meias mas a fazer algo por mim e pelo país, ou seja, a produzir.